Romance Noir...

Um conto sobre como as coisas podem ser comuns e ao mesmo tempo fantásticas.




Havia se esquecido daquele rosto, da expressão, dos olhos vivos e do sorriso marcante. O coração ficou tão descompassado quando avistou sua figura sobressaindo em meio aquela multidão que ia e vinha, que o sorriso - tantas vezes ensaiado - saiu meio sem jeito, sem graça. Mas ainda sim a emoção era tanta que nem parecia que haviam se visto pela manhã.
Quando se aproximou ele pode perceber que ela parecia mais alta, mais nova, mais interessante, mais encantadora. Os passos dela foram tétricos - como aquela música do Skank - pareceu lhe uma eternidade até chegar ali. Durante um átimo de segundo nada foi dito, mas tudo foi compreendido. E tudo mais que havia ali já não fazia a mínima importância.
Não caiu uma gota de chuva, o tempo não parou de correr, as pessoas continuavam nas ruas, os carros corriam e tudo, absolutamente tudo, seguia seu ritmo normal. Não houve borboletas no estômago, muito menos tocou Charles Asnavour, havia sim muito barulho e a conversa animada de um grupo adolescente da mesa ao lado. O garçom ia e vinha com sua bandeja, seu bloco de notas e sua costumeira cortesia, ofereceu à ela uma cadeira, estava acostumado a vê-los ali. Não houve sequer um 'bater de pestanas', nem um suspiro mais alto de quem observava a cena de longe. Aquilo não era um conto de fadas.
No entanto, era tudo tão mágico, tão único e tão intenso para eles, que nem notaram que havia um insistente vendedor de cartões da megasena, um pedinte vestido de Chaplin e alguém que deixara o copo cair da mesa e estilhaçar em mil pequenos pedaços na calçada de pedras. Para eles, nada de extraordinário precisaria acontecer. Aquele encontro era, por si só, algo que transcendia o extraordinário. Por mais comum que fosse.
Ficaram por horas, falaram de suas vidas como quem contava aos amigos o dia num Happy Hour, discutiram sobre seus times de futebol e o preço do combustível. Tomaram chopp e brindaram aos respectivos sucessos. Sorriram sorrisos descompromissados, franziram a testa pra falar do governo. Ela tossiu uma tosse seca daquela gripe mal curada e ele bocejou denotando o sono atrasado. Pediram a conta, dividiram as despesas, ele se levantou, ela pegou a bolsa e saíram. Mãos dadas, dedos entrelaçados, uma ponta de sorriso dele e o gargalhar dela quando ele tropeçou. Iriam pra casa. Tudo era normal, sem alardes, sem clichês. No entanto, era tudo romance, comum, mas ainda sim, fantástico!

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Postscriptum:

Caros amigos. Após um longo e tenebroso inverno, eis mais um conto. Passional e sonhador, admito. No entanto, espero que gostem, critiquem, sugiram, elogiem, comentem...

Ah! Já estou melhor e isso significa: voltar ao trabalho e a correria de sempre. O tempo faltará daqui pra frente mas, prometo aparecer sempre que der e que a inspiração não sumir. Tô indo em busca da minha estrela amigos, espero que eu alcançe!

Abraços com carinho,


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Trilha Sonora - Para ouvir enquanto lê:

'Último Romance' (Los Hermanos_Rodrigo Amarante)


 los hermanos - ultimo romance

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Sala de Projeção - O que a Bailarina anda assistindo:


'Era uma vez' (Dir. Breno Silveira) - Surpreendente.

Comentários

Anônimo disse…
Such a nice blog. I hope you will create another post like this.
Moni disse…
Olá,

Lindo conto, encheu mu coração de esperança.

tive ateh alumas ideias para meu próximo post...

parabens!!! pelas pelas palavrasm simples mais belas..

Beijos
Anônimo disse…
Oiee! Lindo o texto, são as coisas simples da vida que são extraordinárias! Me emocionou. Beijo no coração!
Anônimo disse…
Adorei o conto.
Você escreve tããão bem, sempre leio, mas nunca comento!
E sobre a música, uma de minhas paixões...Esse tal de Rodrigo Amarante! rsr
Me deixou mais leve!
beijos
Anônimo disse…
Lindo! :')

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