Quero ser Carlos Drummond de Andrade...
Acordei com dor de cabeça. Não é raro isso acontecer, mas ainda sim é desagradável. No meu momento único, o constante e longo caminho de casa até a empresa, passou comigo lendo uma literatura comentada sobre a obra de Drummond. A condição poética deste conterrâneo me faz mergulhar em devaneios sublimes, comecei a parafrasear seus poemas na esperança de neles achar os meus próprios. Descobri, inútil a tentativa e vã a intenção. Pobre de mim, virar Drummond...
Mas ele, ainda que distante, se compadece de mim, e me presenteia, e suas palavras caem como uma luva...
“Carlos, sossegue, o amor
é isso que você está vendo:
hoje beija, amanhã não beija
depois de amanhã é domingo
e segunda-feira ninguém sabe
o que será.
Inútil você resistir
ou mesmo suicidar-se.
Não se mate, oh não se mate,
reserve-se todo para
as bodas que ninguém sabe
quando virão,
se é que virão.”
Mas ele, ainda que distante, se compadece de mim, e me presenteia, e suas palavras caem como uma luva...
“Carlos, sossegue, o amor
é isso que você está vendo:
hoje beija, amanhã não beija
depois de amanhã é domingo
e segunda-feira ninguém sabe
o que será.
Inútil você resistir
ou mesmo suicidar-se.
Não se mate, oh não se mate,
reserve-se todo para
as bodas que ninguém sabe
quando virão,
se é que virão.”
(Não se Mate – Carlos Drummond de Andrade, do livro Brejo das Almas, 1934)
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