Chove lá fora e aqui


(Leia do som de Singing in the rain, com Gene Kelly)

Faz dias que chove quase que intermitentemente em BH. Eu adoro chuva, mas nem sempre foi assim. Pra além dos estragos que o excesso de dela causa num mundo completamente desigual e depredado, a chuva me impedia normalmente de sair e isso me deixava possessa quando ‘as águas de março resolviam fechar o verão’. Há um tempo que, entre sair e ficar em casa assistindo algo na Netflix, lendo um livro ou simplesmente tomando meu vinho enquanto escrevo, eu prefiro a segunda opção. Ok, o contexto da pandemia (putz, 2 anos já!) não favorece colocar a cara no sol ou na chuva (já que São Pedro não anda economizando nesse início de ano), mas, convenhamos, eu já fui mais ‘rueira’.

Na semana passada falei na terapia que conviver com pessoas tem sido complexo, talvez por isso eu tenha gostado tanto de ficar em casa – onde passo boa parte do tempo só, salvo quando o André está – e me preocupava certa nuance de fobia social: o ser humano me deprime, esbravejei.  A bem da verdade, a gente há de convir, as amostras de homo sapiens que temos hoje por aí são de dar asco. Podem ser tudo, menos humanos, porque a humanidade está na capacidade de olhar o outro e reconhece-lo enquanto ser, de sentir e de fazer sentido, a humanidade está na capacidade da gente pegar a massa cinzenta desenvolvida que temos e usar pra algo que faça bem a gente e ao próximo. 

Eu sei que o ser humano é animal social, eu repito isso todo dia, quase como um mantra. Eu sei também que eu uso a chuva como pretexto, porque, enquanto chove lá fora, aqui a gente segue, tentando conviver nessa sociedade sem perder a sanidade, e a fé na humanidade, claro!   

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Postscriptum:

Tentando retomar a escrita frequente, se você ainda é 'meu leitor', todo dia 09 vai ter um texto novo, fique à vontade pra acompanhar minhas peripércias novamente. 


Comentários

Anônimo disse…
Fique assim, não, Cynara: as pessoas vão aprender, um dia, a barbárie que dizem e fazem. Tudo isso já existia antes, "as pessoas de bem", "o combate à corrupção de araque" etc. Só não aparecia muito. Como exigir discernimento de quem nunca cultivou entendimento? Um dia, esse povo vai se ligar; se não nesta vida, numa próxima... Ou na outra, não há pressa.

Enquanto isso, façamos o melhor que pudermos, sendo gratos pela comida na mesa, o dinheiro na conta, o teto sobre a cabeça e a saúde no corpo. Porque os sambas vão voltar; quem sabe, até o 104 volte?

Um abraço anônimo

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