Bem mais que meus vinte e poucos anos

(Leia ao som de Vinte e poucos anos, do Fábio Jr, com Filipe Catto)

Dia desses fui receber uma encomenda e o rapaz que entregou perguntou meu nome, o pacote estava em nome do André, respondi: Ci-na-ra, já emendando um 'com C de casa e N de navio', porquê raios não sei, todo mundo escreve Simara - certamente por conta da cantora de sertanejo, mas me recuso a aceitar isso. Logo em seguida, ele me solta: nossa, mas você é nova pra chamar Cinara, as únicas que eu conheço são avós! Eu nem pude falar muita coisa, a única Cinara que eu conheço foi a que deu inspiração pro meu pai e, no google que eu dei, vi que ela já tem mais de 70. Então, fiz troça falando que eu era jovem com alma de idosa, por isso o nome era bem próprio.

Mal sabia ele que a jovem aqui já está quase na casa dos quarenta, 39 é meu último ano nos 'inta'. O terceiro aniversário na pandemia foi há poucos dias e a dor nas costas, a paz da casa arrumada e o celular no silencioso full time, tomaram o lugar daquela euforia de fazer duas comemorações todo ano, mandar save the date pros amigos e aguardar, ansiosa, o dia de cantar 'parabéns pra você' pra mim!  Eu já falei que fui mais 'rueira', mas esse passado não me pertence mais, então sigo aqui, parafraseando Drummond, sendo cringe na vida.

Nos últimos tempos eu venho fazendo um esforcinho pra dar uma freada nos anos: fiz luzes no cabelo para disfarçar os brancos, procurei uns procedimentos estéticos para amenizar as marcas de expressão e, veja bem, estou até fazendo atividade física. Não que eu renegue a meia-idade, mas eu bem que gostaria de ter de volta a disposição dos 'inte', com a cabeça dos meus 'inta', talvez até alguns planos e sonhos engavetados por achar que já é tarde demais. Mas, o mesmo passado que não me pertence mais, trata de não trazer nada de volta, sendo assim, a resiliência passou a ser palavra de ordem. Só me resta então receber, agradecer e aceitar - não sem surto, claro! -  já é muita coisa, e motivo de orgulho próprio, ter chegado até aqui.

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Postscriptum:

A ideia de voltar a escrever e publicar é uma tentativa de manter alguma constância em algo que sirva pra desopilar, a bem da verdade, atividade física nunca me ganhou como hobby, já a leitura e a escrita sempre foram companhias constantes. Tudo aqui não passa de devaneios e experiências desta que vos escreve, aqui também tem minha opinião expressa, dentro do possível, sempre procuro respeitar o próximo, caso se sinta ofendido com algo dito aqui, me manda um comentário. Ah! Nomes, locais e coisas do gênero costumam ser verdadeiros, mas vez por outra posso mudar pra não expor ninguém! By the way, sim teve comemoração e é CINARA, não CYNARA! ;)